Compadecemos no frio
Quando o fitamos perverso.
Há alma que não se condoa
Com as criaturas da rua
Soltas a tal cicatriz?
Sim há pior que há
A gélida, mais que ele!
(Que frite...)
Triste o frio quando é notícia.
Mas se em seu vórtice
Há gente,
Frio nos aquece quereres
Range em nós
Necessidades irmãs.
Quando assovia o seu frescor fraterno,
Põem-nos na roda
Qual Genoíno dominó de seres.
Cada peça uma centelha!
Na busca do encaixe térmico
Do número gêmeo
Sim, vamos de humanos,
A nos querer bem perto.
Frio desconserta e congrega
Desencoraja solitários convictos
Aguça o contumaz Don Juan
Liberta ninfas à mania
Leva alter egos
Aos mais internos divãs...
Gela pequenices da ideia
Une casais avessos
E animais ao léu
Frio avizinha
O queremos em teto uno
Cobrir da Lua ao rodapé
Faz-nos pensar em vinho
Em venha
Em “não vá”!
Em nem ir...
O queremos em teto uno
Cobrir da Lua ao rodapé
O banho? De escafandro!
Voltar ao útero... é...
Coisa decente o frio
Quando é poesia
Em imagem em trilha
E em toda a arte à vista
Tomara claras e
Mais bem tecidas linhas
Nos encasule
De sua investida
Mas advinha
O que sucedeu comigo
Flagrei a ponta do seu cachecol
Rabiscando o seu joelho
O frio que me ardia derreteu!
Ficou seu verso
Seu passo certo
A figura do navio em você
Singrando a minha retina.
Uma quentura ...
Marcello Gouvêa Duarte