Mesma Vibe

sexta-feira, 4 de maio de 2012

QUENTURA


Compadecemos no frio
Quando o fitamos perverso.
Há alma que não se condoa
Com as criaturas da rua
Soltas a tal cicatriz?
Sim há pior que há
A gélida, mais que ele!
(Que frite...)
Triste o frio quando é notícia.

Mas se em seu vórtice
Há gente,
Frio nos aquece quereres
Range em nós
Necessidades irmãs.

Quando assovia o seu frescor fraterno,
Põem-nos na roda
Qual Genoíno dominó de seres.
Cada peça uma centelha!
Na busca do encaixe térmico
Do número gêmeo
Sim, vamos de humanos,
A nos querer bem perto.

Frio desconserta e congrega
Desencoraja solitários convictos
Aguça o contumaz Don Juan
Liberta ninfas à mania
Leva alter egos
Aos mais internos divãs...
Gela pequenices da ideia
Une casais avessos
E animais ao léu

Frio avizinha
Faz-nos pensar em vinho
Em venha
Em “não vá”!
Em nem ir...

 O queremos em teto uno
Cobrir da Lua ao rodapé
O banho? De escafandro!
Voltar ao útero... é...

Coisa decente o frio
Quando é poesia
Em imagem em trilha
E em toda a arte à vista
Tomara claras e
Mais bem tecidas linhas
Nos encasule
De sua investida

Mas advinha
O que sucedeu comigo
Flagrei a ponta do seu cachecol
Rabiscando o seu joelho
O frio que me ardia derreteu!
Ficou seu verso
Seu passo certo
A figura do navio em você
Singrando a minha retina.
Uma quentura ...

                                                         Marcello Gouvêa Duarte

ENLUAREMOS


… O meio beijo amarelo, 

Que a meia lua

Ainda pouco

Colou na boca da noite

Postou-me de cara pra ela –

Enluarei!

Estrelas? Sim!

Coadjuvantemente.     [M D]

sexta-feira, 27 de abril de 2012

... NO GUARDANAPO


Há tanto silêncio prá gozar
Tanta outra astrologia
Tanto futuro ainda
O dividir é o sentido
O interior vem  fora (lindo)
Olhar talvez, talvez pensar
Ferver a idéia
Mostrar a história
Juntar, colar
Ter amigos, à esmo
Nem que seja num bar
É um estar vivo mesmo
Razão
Segredo
Coisa de Deus, da vida
De outras vidas
Ou tidas ou por chegar
Por agora, temos nós mesmos
Nossos medos
Nossos beijos
Nossa cada uma experiência
Nossos motivos plenos
Nosso destino aberto
                     Nossa sina.           [M D]

BOEMIA


Com o senso torto
A voz qualquer
Quase em tortura avessa
Com o corpo todo
A alma acesa
A sensação diversa em única fé
Com a máxima paciência
A intenção direta
A rapidez da urgência
A sensatez que der
Às vezes com pressa, sem querer
Às vezes fazendo promessa
                        Pecando o que vier.               [M D]

AGORA



Felicidade é também já ter
Sabido tê-la.
Conservá-la é quase um vício,
(Um desperdício)
Entristecemos na tentativa

... Tentemos pois, outras não vindas
Porque ainda serão melhores
Só nunca nos esqueçamos das tidas ....

... Nem das que nos acompanham
Por mais que estejam embutidas
                No instante instante que estamos.       [M D]